Por Bruna Castro

Até a diva Gisele já cambaleou. Me deem um crédito, ok?

Pensei muito antes de começar essa crônica. Ora, por imaginar que minha coluna de estreia aqui no blog deveria abordar alguma catástrofe mundial e minha opinião a tiracolo. Ora, por ficar titubeando e tentar esquecer uma situação chata que me ocorreu há alguns dias e que cogitei retratar aqui. Mas quer saber? Falarei, sim, sobre o malogro dessa criatura que vos fala no exercício de se equilibrar em um cretino salto anabela. Quem nunca pagou um mico na vida que atire a primeira pedra.

O fato é que a cena, que serve de mote para essas lamúrias femininas, realmente, aconteceu. Ou seja, mereço reverência eterna, por mandar o ego às favas e dividir com vocês a narração desse momento, em que desejei ir para a Tanzânia só com passagem de ida. Porém, antes de eu (finalmente) contar como tudo aconteceu, sinto-me obrigada a deixar uma questão no ar: o que fazem vocês mulheres, ao tropeçarem na frente de várias pessoas, sedentas por rirem da cara de alguém desavisado? Reflitam e depois me mandem e-mails de apoio.

Estava eu, deslumbrante e cheia de boas intenções, com minha sandália do demônio, dirigindo-me à sala de aula, até que cheguei ao ponto crítico de toda mulher que está montada no glamour: uma calçada com vãozinhos maliciosos. Não hesitei e segui meu rumo – mal sabia o que me aguardava. Entretanto, bastou um segundo de distração, leia-se loiro atlético com potencial, para eu “virar o pé” e chamar a atenção de grande parte dos transeuntes, que prestigiavam uma apresentação cultural no pátio da universidade. Senti o rosto enrubescer, o orgulho diminuir, a raiva por ser tão pateta aflorar, os insensíveis comentando a minha total falta de intimidade com a plataforma e nem pude olhar para trás. Fiquei, por segundos, mortificada.

Dramalhão mexicano à parte, o fato é que, realmente, é um “angu” passar por um ridículo desses. Mas, refletindo sobre o assunto (eu sempre reflito), me dei conta de que a gente só se importa, se quer. Deixar-se afetar por uma banalidade assim é sintoma de que algo não vai bem, de que a confiança em si mesma deve ser reafirmada. Todas caem. Todas se deparam com pisantes do mal, em algum momento da vida. A diferença está naquilo que se faz depois de levantar e constatar que ainda há vida para ser vivida.